Da euforia ao ceticismo em Mato Grosso

Segundo Aprosoja/MT, a soja, que ainda será cultivada, já está dando prejuízo de R$ 50 a R$ 100 por hectare, devido ao alto custo de produção. Alta nos preços dos fertilizantes, insuficiência de recursos para custeio e restrições de crédito às regiões localizadas na área considerada bioma amazônico. Com tantos problemas a resolver e a pouco mais de um mês do início do plantio, os produtores mato-grossenses vivem momentos de ceticismo, já que os preços da soja no mercado internacional tendem a continuar em queda. A recomendação das entidades produtoras e pesquisadores é para que os produtores tenham o máximo de cautela e façam um bom trabalho de planejamento para evitar grandes perdas na safra 2008/09. Somente nos últimos 30 dias, a soja sofreu uma desvalorização de 25%. O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira, alerta: a soja que ainda nem foi plantada já está dando prejuízo de R$ 50 a R$ 100 por hectare, devido ao alto custo de produção. "Há muitas incertezas, na realidade. Muitos produtores não travaram os preços da soja porque os preços estavam baixos", disse Silveira. Até agora, apenas 23% da produção de soja para 2008/09 está travada, ou seja, com valor de venda assegurado. "Esses produtores vão perder menos. Mas, de uma forma geral, todo o setor está encontrando dificuldades para travar preços porque as tradings também temem prejuízos no futuro e por isso não estão na posição compradora". A grande preocupação dos produtores nesta safra é em relação aos preços dos fertilizantes, que sofreram abruptas elevações nos últimos anos. "As perspectivas realmente não são nada boas, pois já se fala em utilização menor de fertilizantes nas lavouras, o que deverá implicar em uma drástica redução na produção. A safra está indefinida e tudo indica que teremos uma das safras mais tensas e difíceis dos últimos anos", sentencia o presidente da Aprosoja. A principal ameaça, segundo os produtores, vem dos elevados preços dos fertilizantes, que sofreram alta de 150% do ano passado até agora. "Custos nestes patamares tornam o plantio proibitivo", alerta o cotonicultor e ex-presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Sérgio De Marco. Com o plantio praticamente batendo às portas, os agricultores lamentam que 33% dos fertilizantes ainda não tenham sido adquiridos para esta safra. "Na verdade falta crédito para a aquisição destes insumos", critica o presidente da Aprosoja, acrescentando que o Banco do Brasil "não está fazendo as liberações, alegando falta de recursos". Glauber Silveira adverte que um atraso na liberação de recursos, provoca atrasos no plantio e conseqüentemente redução da área plantada e da produção devido ao menor uso de tecnologia (adubos) e também pela perda do período ideal ao cultivo. Por conta da alta dos fertilizantes, os produtores estão com a compra dos insumos atrasada. A estimativa é de que até agora tenham sido adquiridos apenas 67% de todo o adubo que deveria ser utilizado nesta safra. Em outros anos, nesta mesma época, este volume chegava a 90%. Rentabilidade – As estatísticas mostram que enquanto os custos de produção sofreram fortes altas, a rentabilidade da soja vem caindo a cada ano. No caso do algodão a situação chega a ser pior, pois os custos da lavoura são mais altos. Segundo os estudos, para o plantio de um hectare de algodão são necessários em média 1,2 mil quilos de fertilizantes entre a base e a cobertura para se obter uma boa produtividade. Ao preço de US$ 850 a tonelada, o produtor gastaria US$ 1,02 mil por hectare só com adubo e teria que colher 300 toneladas arrobas de pluma só para pagar os custos. Como a produtividade média é de 250 arrobas, os produtores teriam que amargar um "prejuízo" de 50 arrobas por hectare.

Sem categoria

Atualizado em: 8 de outubro de 2018

Artigos Relacionados