Chip do boi nacional deverá custar menos que o importado

Começou a ser testado nessa quinta-feira (5) o “Chip do boi” (dispositivo de identificação com chip eletrônico), 100% nacional, desenvolvido pelo Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A. (Ceitec), destinado à rastreabilidade bovina. Esta é a última fase de testes de campo na Fazenda Experimental Santa Rita, da Epamig, em Prudente de Morais, Centro-Oeste de Minas, antes da produção em escala comercial. Durante o evento que marcou o início dos testes, produtores, pesquisadores e empresários concordaram em que o novo produto vai facilitar muito a gestão das propriedades rurais e a entrada e permanência no mercado nacional e, principalmente, mundial. Segundo o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Gilman Viana Rodrigues, o novo chip vai dar mais credibilidade à produção, além de facilitar muito a vida dos produtores rurais: “Nós estamos preparando um cenário para melhor visibilidade de Minas no mercado mundial. Isso dá mais confiança, dá mais credibilidade ao nosso produto. Não tem como o mercado aferir se as pessoas estão fazendo as coisas corretamente, diariamente. Aplicando as coisas inovadoras e confiáveis, consistentes, você cria a imagem favorável. Esse novo produto vai facilitar a vida do fazendeiro, que vai oferecer ao mercado uma informação mais confiável e mais administravelmente leve. Ele faria isso sem a tecnologia, mas com a tecnologia ele vai viabilizar uma melhor gestão da agropecuária”. Gilman destacou que o uso chip é um instrumento que possibilitará a prática da qualidade, que vai dar mais confiança à gestão do produtor. “O rastreamento que é exigido pela Comunidade Europeia existe por que? É pelo fato de que quando há uma possibilidade de uma dúvida, ou uma insegurança sanitária na carne, se essa carne está rastreada, você pode ver onde foi originada essa contaminação. E você combate e elimina o problema; a ameaça não chega ao consumidor. Nós temos que construir isso e nós estamos construindo. A tecnologia possibilita maior segurança, praticidade, evolução, maior riqueza de dados. O produtor não fica com anotação manual, fica com arquivo, faz cruzamento de dados, usa o arquivo para ele se posicionar no mercado”, avaliou. Para o presidente da Ceitec, Eduard Weichselbaumer, a principal vantagem do chip está relacionada ao custo. “O fazendeiro hoje gasta R$ 7,00 ou R$ 8,00 com um brinco. Então, a Ceitec criou um design de brinco com as mesmas tecnologias dos produtos internacionais, mas a gente baixou bastante os custos. Nós deveremos vender o nosso chip por R$ 2,50 a R$ 3,00. E esse nosso chip, que tem o mesmo padrão internacional, é 100% nacional, desenvolvido em Porto Alegre, com engenheiros brasileiros, tem propriedade intelectual nacional, estará disponível no mercado em até março de 2.010”, disse. Segundo , Weichselbaume, a Epamig foi escolhida para realizar os testes devido ao apoio dado pelo secretário Gilman Viana e também pelo fato de a empesa ter uma fazenda ‘classe 1’, com estrutura maravilhosa. O presidente da Epamig, Baldonedo Napoleão, destacou a importância da Epamig como geradora de tecnologias para a agropecuária mineira e brasileira: “A Epamig, nesses mais de 35 anos, conquistou confiança na agropecuária brasileira, é uma empresa que tem aproximadamente quatro mil cabeças de bovinos e possui o melhor rebanho bovino de pesquisa do Brasil. As pesquisas em bovinocultura da empresa são as mais expressivas deste país e isto é fala dos especialistas. O nosso Gir Leiteiro, na unidade em Uberaba é referência mundial. Foi por isso que a Epamig foi escolhida para sediar uma das fases dessa iniciativa inovadora do Ministério de Ciência e Tecnologia, através do Ceitec”, afirmou. Na Epamig está prevista brincagem de 500 animais. O pecuarista Leonardo Azeredo, de Funilândia, acompanhou o início dos testes e saiu do evento otimista: “As falas me incentivaram bastante, pois esse equipamento dá mais garantia de informações para o produtor e para o consumidor, que poderá a qualquer momento, saber mais sobre o produto que está consumindo”. Minas terminará este ano exportando aproximadamente 300 mil toneladas de carne, segundo Gilman Rodrigues. O rebanho mineiro conta hoje com 22 milhões de cabeças. Os testes de campo da Ceitec serão realizados em sete ou oito fazendas em regiões diferentes do Brasil com 15 mil brincos com chips. A Ceitec é vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia e foi criada em 2008, é a única empresa na América Latina que faz desenvolvimento de semicondutores. O Brasil importa 14 bilhões de dólares em semicondutores anualmente. Rastreabilidade O Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) desenvolve desde 2007 a rastreabilidade bovina. Trata-se de um sistema de controle de bovinos e bubalinos que permite sua identificação individual desde o nascimento até o abate, registrando todas as ocorrências ao longo de sua vida. A rastreabilidade é uma obrigatoriedade para o produtor que deseja exportar carne para União Europeia (UE). Atualmente, das 1.717 propriedades brasileiras aptas a exportar para a UE, 611 estão em Minas Gerais, o que representa 36% do total. Estar apta a exportar para o bloco europeu significa também poder fornecer carne para os outros países, já que as exigências da UE são as mais rigorosas. Isso aumenta o interesse de produtores rurais em entrar para esta lista de exportação e demonstra a seriedade dos trabalhos de defesa sanitária. A rastreabilidade é uma das ações do Projeto Estruturador Certifica Minas, gerenciado pelo IMA.

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Atualizado em: 8 de outubro de 2018

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