Atingir os resultados esperados e manter a lucratividade é o objetivo de quem atua na bovinocultura. Para que isso aconteça, o médico veterinário deve atuar na busca constantemente pela eficiência reprodutiva de bovinos.
Apesar de parecer simples, afinal ações rotineiras como nutrição e sanidade são fatores que podem influenciar diretamente nos resultados, a eficiência é um desafio em muitas propriedades. Por este motivo, é importante entender o sistema como um todo e realizar um manejo reprodutivo adequado.
Ao longo deste artigo falaremos o que pode ajudar ou atrapalhar o rebanho a ser mais produtivo, detalhando cada fator, que, em conjunto, impacta diretamente no resultado da fazenda. Veja a seguir!
Fatores que influenciam na reprodução de bovinos
Uma elevada produtividade está associada à alta capacidade reprodutiva. Entretanto, não é raro encontrar fazendas de leite que tenham vivenciado o aumento da produção de leite seguido pela redução drástica da fertilidade de vacas de alta produção.
Diversos fatores podem explicar a causa de situações assim, mas dificilmente os genéticos, fisiológicos, nutricionais, instalações e manejo não estarão entre eles.
Detecção de cio
A baixa detecção de estro é um fator que afeta a taxa de serviço e aumenta o período entre o parto e a concepção. A duração da expressão do estro em vacas leiteiras tem sido menor, dificultando a detecção. Enquanto antigamente o cio costumava ser expresso em torno de 15 horas, atualmente vacas de alta produção expressam durante um período de 7 horas.
A intensificação dos sistemas, com pisos de concreto e menores áreas por animal, bem como uma seleção genética que focou na produção de leite podem ser umas das razões que dificultam a expressão do cio.
Para combater o problema, estratégias e tecnologias para melhorar a eficiência reprodutiva, como métodos auxiliares de DE, sincronização hormonal de estro e IATF vem ganhando cada vez mais espaço.
Anestro pós-parto
Outro fator que interfere na eficiência reprodutiva, tanto em relação a programas de inseminação quanto na monta natural, é o anestro pós-parto. O anestro prolongado significa um maior período de serviço. No caso do gado de corte, a decisão obriga a realização de longas estações de monta e acarreta grande parcela de animais vazios no final desta, aumentando o número de dias improdutivos e o custo de produção dos bezerros. Para uma fêmea expressar os sinais de cio, é preciso uma boa alimentação, conforto, saúde nos cascos e atenção aos detalhes.
Balanço energético pós-parto
É comum que vacas de alta produção apresentem balanço energético negativo no início da lactação. A gravidade do problema pode influenciar o desenvolvimento folicular, o intervalo para a primeira ovulação e a taxa de concepção ao 1º serviço. Nesse sentido, o anestro pós-parto também pode influenciar, pois as fêmeas que não apresentam estro nos primeiros 30 dias após a parição requerem mais serviços por concepção com maior risco de serem descartadas.
Doenças pós-parto
A prevenção e o controle de doenças são fundamentais em um manejo que busca mais eficiência reprodutiva de bovinos. No pós-parto elas são ainda indispensáveis. As principais doenças que afetam a função cíclica são a distocia, a hipertermia e doenças uterinas, como a retenção de placenta (RP) e a infecção uterina (IU), que prejudicam o retorno estral. Além disso, outras causas que afetam a reprodução são as doenças infecciosas, responsáveis por causar mortalidade embrionária e abortos. No Brasil, as mais encontradas são a brucelose, a leptospirose, a campilobacteriose bovina, a tricomoníase, a neosporose, a rinotraqueíte infecciosa bovina e a diarreia viral bovina.
Estresse calórico
O conforto e o bem-estar do animal, sem dúvidas, interferem na capacidade reprodutiva. Apesar de recentes, estudos mostram que o estresse calórico prejudica a concepção, aumenta as perdas embrionárias, reduz a manifestação de estro e prejudica a ovulação. Para combater o mal, é preciso se atentar às temperaturas das instalações, oferecendo ventiladores e aspersores de água para diminuir o estresse em períodos mais quentes do ano. Ademais, deve-se ter um profissional com conhecimento suficiente para conhecer a média de temperatura de cada animal na propriedade.
Como mensurar a eficiência reprodutiva de bovinos
A baixa capacidade na reprodução causa prejuízo ao pecuarista, uma vez que contribui para a redução do número de crias para reposição ou comércio, reduz o progresso genético, aumenta o intervalo entre lactações, entre outros. Uma forma de saber os possíveis problemas relacionados à baixa capacidade de reprodução em uma fazenda é por meio dos Índices Zootécnicos Reprodutivos.
Os principais índices, que permitem mensurar e planejar estratégias de manejo, são: período de espera voluntário (PEV), taxa de serviço (TS) e a taxa de concepção (TC). O primeiro pode ser definido como o tempo determinado para que ocorra a regressão e involução uterina adequada após o parto.
A TS informa se as vacas não estão sendo servidas (inseminadas, cobertas etc.) e a TC se as vacas não estão ficando gestantes. Através dos índices é possível obter a taxa de prenhez, o período de serviço (parto até a concepção) e o intervalo entre partos (IEP).
Tenha controle da eficiência reprodutiva em uma propriedade
Diante da influência de fatores como manejo, saúde, ambiente, tecnologia e produtividade, é importante que um criador conte com a presença de um médico veterinário especializado em reprodução bovina para evitar baixas taxas reprodutivas. As medidas escolhidas para manter a eficiência elevada vai depender do que é prioridade para cada fazenda, mas avaliar o desempenho da reprodução e trabalhar estratégias com metas e resultados devem fazer parte da rotina.
Uma grande aliada para acompanhar todos os fatores que podem contribuir ou não para o sucesso do manejo é a ultrassonografia. O exame, que vem sendo bastante usado na rotina de animais, auxilia na detecção de cio, doenças, em programas reprodutivos, em diagnósticos gestacionais e muitas outras situações. Todavia, executá-lo corretamente e ter precisão na hora de interpretar as imagens requer conhecimento por parte do médico veterinário.
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Fontes: Milkpoint, Curso IATF Avançado, Rehagro, Ouro Fino Saúde Animal, Ideagri.