Quando realizar a exodontia em pequenos animais? Entenda!

exodontia em pequenos animais

A exodontia em pequenos animais que, na prática, é a extração de dentes em cães e gatos, é uma intervenção frequente na rotina de atendimentos odontológicos. Apesar de, na maioria das vezes oferecer baixo risco, é preciso ter domínio da técnica pois a exodontia demanda uso de anestésicos e sedativos. Além disso, é preciso conhecimento para identificar quando essa técnica é recomendada. 

Neste artigo vamos explicar o que é a exodontia em pequenos animais, suas classificações, indicações e cuidados. Confira! 

O que é e como funciona a exodontia em pequenos animais? 

A exodontia em pequenos animais é uma das intervenções cirúrgicas mais frequentes na odontologia veterinária. Ela deve sempre ser realizada sob anestesia  geral e de preferência com anestesia local associada (bloqueio anestésico regional).

Dependendo do dente, é possível a realização da técnica não cirúrgica, conhecida como simples, ou por via alveolar. Nesta técnica, o dente do animal é luxado em seu alvéolo e extraído, sem necessidade de acesso cirúrgico.

Em outros casos, é indicado o uso da técnica cirúrgica, por via extra-alveolar, mais complexa do que a anterior. Neste caso, o veterinário pode optar por técnicas como a odontosecção, corte de retalhos na gengiva ou, ainda, a alveolectomia.

Então, em resumo, podemos dizer que o procedimento de extração dentária  consiste basicamente em:

  •  sidesmotomia; 
  • luxação com alavanca; 
  • remoção do dente com fórceps; 
  • curetagem do alvéolo;
  • e sutura do sítio de extração. 

Na hora do procedimento é preciso ter atenção para  lesar o mínimo possível as estruturas vizinhas e separar a gengiva do dente antes de luxá-lo. Quando for realizar a luxação do alvéolo com alavancas, o fórceps deverá ser usado somente no final para remover o dente. E, por fim, promover a sua extração total, sem fraturar a raiz 

É importante destacar que nos felinos, as forças usadas pelo veterinário devem ser bem menores do que a usada em cães, a fim de evitar fraturas radiculares. Afinal, são carnívoros e, portanto, o osso alveolar nesse grupo de animais é muito compacto, o que dificulta a exodontia.

Classificação  da exodontia

A exodontia em pequenos animais pode ser classificada de acordo com a via utilizada. A seguir, confira o detalhamento de cada uma! 

Via alveolar

A extração via alveolar envolve as etapas básicas, ou seja, sidesmotomia, luxação com alavanca, remoção do dente com fórceps, curetagem do alvéolo e sutura do sítio de extração. Normalmente é realizada em dentes que possuem um grau alto de mobilidade, isto é, já existe grande índice de reabsorção óssea, fazendo com que a luxação do dente dentro do seu alvéolo seja mais fácil.

Via extra-alveolar 

 A extração via extra-alveolar envolve um procedimento cirúrgico mais complexo, pois além das etapas da exodontia alveolar também é necessário uma confecção de retalho gengival e alveoloplastia. Essa cirurgia é indicada principalmente para dentes que apresentem maior dificuldade de extração como os multirradiculares e dentes caninos superior e inferior.

Indicações da exodontia

As indicações para exodontia incluem:

  • persistência de dentes decíduos
  • doença periodontal avançada (alto índice de reabsorção óssea, mobilidade, exposição de furca)
  • fraturas dentárias complicadas com exposição pulpar
  • cáries extensas
  • mal oclusão
  • dentes supranumerários
  • lesão de reabsorção dos felinos
  • Complexo Gengivite Estomatite Felina

Complicações da extração de dentes

Dentre as complicações da exodontia destacam-se:

Fratura Radicular

A fratura radicular deve ser evitada, uma vez que a remoção do fragmento é difícil. Portanto a utilização dos instrumentos deve ser meticulosa e delicada e todo o procedimento dever ser realizado com muita paciência. Caso uma das raízes sofra fratura, existem duas possibilidades.

 A primeira é a remoção imediata do fragmento, o que é preferível. E a segunda é a expectativa, ou seja, não remover a raiz fraturada e esperar que ela seja reabsorvida ou eliminada, fato que irá ocorrer se ela estiver hígida. Já se houver lesão periapical ou periodontal, essa retenção radicular poderá gerar uma fístula. Nesses casos, o exame radiográfico indica uma rarefação óssea e, então, o fragmento deve ser localizado e removido. 

Deiscência de Sutura

É de extrema importância quando ocorre nos casos de exodontia de caninos superiores, principalmente se tiver ocorrido rompimento da tábua óssea nasal. Afinal, nessa situação poderá formar uma comunicação oronasal. Quando isso acontecer na primeira semana pós-cirurgia, espera-se duas  semanas e promove-se nova sutura da mucosa alveolar de modo a cobrir o orifício exposto.

Hemorragia Intensa

Geralmente é rara e quando acontece deve-se a problemas de coagulação sanguínea. Mas também pode ocorrer quando há secção da artéria alveolar inferior por instrumento na região apical do alvéolo, atingindo o canal mandibular ou por lesão da mucosa nasal por motivo análogo. Em ambos os casos, a hemorragia é controlada por compressão ou tratamento do problema sistêmico. 

Infecção

É um processo que raramente acontece e aparece quando a gengiva é suturada em dentes com periodontite grave ou abscesso apical, encarcerando o material purulento. Nesses casos, após a extração, o alvéolo deve ser curetado de modo eficiente.

Alveolite Seca

Trata-se de um processo que leva à dor intensa nos primeiros dias após a exodontia. Ocorre uma desintegração do coágulo sanguíneo e infecção posterior do osso alveolar que pode entrar em necrose se não for curetado e desinfectado com óxido de zinco e eugenol. O coágulo é fundamental para a cicatrização local através da proliferação dos fibroblastos existentes nesse tampão sanguíneo. O tratamento deve ser feito com irrigação de substâncias anti-sépticas e analgésicos sendo, às vezes, necessária a curetagem local e fechamento com retalho muco-gengival.

Fístulas

Na maioria das vezes acontece por retenção de fragmentos de raiz ou resquícios ósseos fraturados no interior do alvéolo. 

Fratura de Mandíbula

É mais comum em cães de pequenas que possuem doença periodontal avançada onde a reabsorção óssea é intensa, fazendo com que a tábua óssea fique mais frágil e frature no ato da extração dentária.

Corrimento Nasal

Quando há lesão óssea que separa o alvéolo e a passagem nasal, pode surgir comunicação entre cavidade oral e nasal com corrimento nasal seroso e espirros frequentes. Esse problema é resolvido através da confecção de retalho mucogengival, após delicada curetagem do alvéolo para remover tecido necrosado. 

Assim como outras intervenções cirúrgicas, a exodontia em pequenos animais não deve ser aplicada sem avaliar as condições do paciente em questão. E também é necessário que se realize os exames de risco cirúrgico. E você, se sente seguro para realizar extrações dentárias em cães e gatos? Conheça o Curso Prático de Odontologia em Pequenos Animais do CPT Presenciais e se destaque!

Fontes: Curso de Odontologia em Pequenos Animais – Material Didático e Revista Lume

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