Síndrome Nefrótica em Pequenos Animais

A síndrome nefrótica caracteriza-se por proteinúria, hipoalbuminemia, hipercolesterolemia e acúmulo de líquido no espaço extravascular (ascite,efusão pleural e/ou edema generalizado – anasarca), em decorrência de doença glomerular, que pode ou não estar associada a processos infecciosos. A glomerulonefrite imunomediada por deposição de imunocomplexos é a causa mais comum de síndrome nefrótica em pequenos animais.

A azotemia está presente na maioria dos animais no momento do diagnóstico, independentemente da causa primária da síndrome nefrótica.

A proteinúria, de origem renal (que gera hipoalbuminemia) é o principal achado laboratorial indicativo de lesão glomerular. A hipercolesterolemia resulta da combinação na redução do catabolismo e aumento da síntese hepática de lipoproteínas. Nos pacientes nefróticos, as concentrações plasmáticas de albumina são inversamente correlacionadas com as concentrações de colesterol. Dieta balanceada e com fonte proteica de alta qualidade é essencial em animais com proteinúria severa.

A hipertensão arterial sistêmica (HAS), o tromboembolismo, a hipercoagulabilidade e alterações cardiovasculares são as complicações mais frequentes da síndrome nefrótica, entretanto as manifestações clínicas variam com a duração e gravidade da proteinúria, assim como presença ou ausência de doença renal.

A HAS resulta da combinação de fibrose dos capilares e arteríolas glomerulares, diminuição renal da produção de vasodilatadores, aumento da responsividade aos mecanismos pressores normais, redução do débito cardíaco e do volume plasmático e ativação do sistema renina angiotensina aldosterona (SRAA), que estimulam maior retenção de água e sódio, com formação de edema.

Tromboembolismo e hipercoagulabilidade ocorrem por redução da atividade de anti-trombina III, associado à albuminúria e hipoalbuminemia.

A relação proteína:creatinina urinária (RPC) deve sempre ser realizada em todos os animais com suspeita de nefropatia e a causa da proteinúria com consequente hipoalbuminemia, sempre pesquisada. Se o paciente apresentar ascite, efusão pleural, edema de membros ou ainda anasarca, com histórico ou não de nefropatia, a mensuração da pressão arterial sistêmica, mensuração sérica de colesterol e albumina, além da RPC, são fundamentais para diagnosticar a síndrome nefrótica.

Independente da causa, terapia medicamentosa que visa reduzir a formação de edema e controle das principais complicações envolvidas deve ser instituída o quanto antes possível. O prognóstico da síndrome nefrótica em geral é reservado a desfavorável.

Tathiana Mourão dos Anjos (ANJOS, T.M.) Professora dos cursos de Medicina Felina e de Nefrologia e Urologia em Pequenos Animais do CPT Cursos Presenciais. Tathiana Mourão dos Anjos (ANJOS, T.M.) Professora dos cursos de Medicina Felina e de Nefrologia e Urologia em Pequenos Animais do CPT Cursos Presenciais.

Pequenos Animais

Atualizado em: 29 de novembro de 2018

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