Triagem veterinária: a importância para os atendimentos emergenciais

triagem veterinária

Trabalhar com pequenos animais envolve situações de emergência que necessitam de atenção desde a triagem veterinária. Nesse momento, é feita uma avaliação para saber os sinais clínicos do paciente, priorizar a ordem de atendimentos e definir o nível de urgência do paciente.

O sistema de triagem veterinária é essencial para saber a pressa que se deve ter na condução dos pacientes para avaliação, exames e intervenções. Em muitos casos de urgência, a tomada de decisão rápida é primordial para o prognóstico e o bem-estar animal. 

É fundamental destacar que os trabalhos científicos sobre triagem veterinária ainda são baixos, mas com o crescimento das demandas por atendimentos emergenciais, especialização na área e número de animais, torna-se um campo fundamental a ser explorado. Continue a leitura deste artigo e conheça as categorizações da triagem e os principais métodos aplicados durante a chegada do paciente.

Tipos de triagem veterinária

Em primeiro lugar, a triagem veterinária pode ser dividida em três momentos: pelo telefone com o tutor, na chegada do paciente à emergência e secundário. 

A triagem telefônica é uma etapa inicial, em que o tutor descreve como o animal está e o veterinário especializado em atendimento emergenciais aponta a necessidade ou não de deslocamento até o hospital. Para isso, é necessário indagar se o animal está respirando, consciente e se consegue mexer seus membros, além de questionar se há alguma lesão, ferida ou fratura aberta, assim como a temperatura retal, sinais de hemorragia e distância até o local de atendimento. Por meio dessas perguntas, o veterinário indicará o deslocamento até a clínica e orientará como isso será feito. 

A triagem presencial no hospital ou clínica é iniciada com avaliação visual e física do animal. Trata-se de uma etapa imediata e deve ser prosseguida com checagem dos sinais vitais. Medição da frequência cardíaca e respiratória, verificação da coloração das mucosas, TRC,  pressão arterial, temperatura e verificação dos sentidos do animal precisam ser realizados rapidamente. 

Por último, a triagem secundária será mais detalhada após o animal ser estabilizado. Nesse momento, minuciosamente, o veterinário poderá proceder à análise dos hematócritos e proteínas totais, leucograma, glicemia, ureia e creatinina, eletrólitos e da urina.

Métodos usados para atendimento ao paciente

Na medicina veterinária, usam-se os métodos de triagem veterinária conhecidos como ABCDE e ACRASHPLAN. A seguir, explicamos o que eles significam. 

ABCDE

Cada letra da abordagem ABCDE corresponde a etapa de análise, em inglês, conforme a seguir:

  • A: airway – vias aéreas
  • B: breathing – respiração
  • C: circulation – circulação
  • D: disability – consciência
  • E: external exam – exame físico externo

Então, nessa ordem, o paciente é avaliado. Inicialmente, o aparelho respiratório é checado para perceber alterações, obstruções ou presença de fluidos. Depois, a circulação é verificada com testes para ver as cores das mucosas, pulsação femoral e temperatura do reto. A pressão arterial também é aferida. A quarta etapa é a consciência para perceber o estado mental e reflexos do animal. Por fim, se encerra com exames físicos para saber se há lesões aparentes.

Esse procedimento precisa ser feito por médicos especializados, visto que é fundamental perceber alterações e problemas de modo a estabilizar o paciente e iniciar os tratamentos. Convém lembrar que a etapa não deve causar estresse no animal, por isso precisa ser conduzida por especialistas.

ACRASHPLAN

O segundo método é o ACRASHPLAN, mais cuidadoso e específico. As letras significam a ordem das etapas:

  • A – airway – vias aéreas
  • C – cardiovascular
  • R – respiratory – respiração
  • A – abdômen
  • S – spinal – coluna
  • H – head – cabeça/crânio
  • P – pélvis
  • L – legs – membros
  • A – arteries and veins – artérias e veias
  • N – nervous system – sistema nervoso

De novo, o sistema respiratório e cardiovascular são examinados. No entanto, agora, com mais detalhamento. Em seguida, é feita apalpação do abdômen e das partes da coluna. A avaliação de cada região da cabeça deve ser efetuada com rigor, seguida pela pélvis e pelos membros. Por último, a pulsação e a pressão arterial, finalizando pelos reflexos e regiões nervosas do corpo. 

Assim, ao encerrar a triagem, o médico pode recomendar a realização de mais exames, sobretudo de imagem, como a ultrassonografia. Com os resultados, é possível traçar o diagnóstico.

Como você percebeu, o processo de triagem veterinária é central para identificação inicial do quadro clínico do paciente e a emergência do caso. Por isso, investir em capacitação profissional torna-se primordial no cotidiano de atendimentos da clínica veterinária. Faça o Curso de Emergências e Pronto Atendimento em Pequenos Animais e aprenda na prática como lidar em diferentes situações e as técnicas usadas.

Fontes: British Small Animal Veterinary Association; UFRGS, Escola Superior Agrária de Elvas.

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